Osgood Perkins não é exatamente conhecido pelo seu senso de humor, o que pode soar curioso, já que ele co-estrelou “Legalmente Loira”, um filme que está longe de ser assustador (exceto, talvez, pela história da permanente de Tracy Marcinko). Ao longo de quatro filmes de terror atmosféricos e intensos — sendo o mais recente o aclamado “Longlegs”, do ano passado — Perkins construiu sua reputação como um dos diretores mais sérios do gênero, explorando emoções profundas através do sobrenatural.
Mas “The Monkey” é uma exceção. Longe de ser um thriller denso e dramático, o novo filme de Perkins é uma comédia de terror acelerada e absurda, baseada em um conto de 1980 de Stephen King (o mesmo autor de “The Mangler”). A trama gira em torno dos irmãos gêmeos idênticos Bill e Hal, ambos interpretados por Theo James, que têm suas vidas arruinadas por um macaco de brinquedo encontrado no armário do pai ausente. O macaco toca um tambor quando dá corda e, ao terminar, alguém próximo morre de forma violenta e bizarra.
A ideia de uma força sobrenatural misteriosa causando mortes não é nova. Nos anos 1970, os filmes da franquia “A Profecia” mostraram o próprio Satanás manipulando a realidade para decapitar e despedaçar suas vítimas. Depois, “Premonição” popularizou ainda mais esse conceito, criando um efeito dominó de eventos aparentemente casuais que levavam a mortes brutais. A diferença em “The Monkey” é que Perkins não está interessado em construir suspense. As mortes no filme são piadas cruéis, rápidas e imprevisíveis, sem grandes preparações. Elas são brutais, viscerais e servem como punchlines inesperados para situações que nem pareciam piadas.
O longa começa com uma introdução sangrenta, onde Adam Scott tenta desesperadamente se livrar do sinistro macaco de brinquedo — e falha miseravelmente. A partir dali, a história segue Bill, um valentão, e Hal, sua vítima constante, que liberam acidentalmente a morte sobre seus amigos e familiares. O filme então propõe uma discussão sobre o caráter inevitável da morte, que pode ser aleatória e cruel. Nessa realidade, um brinquedo maligno decide quem morre. Basta girar a chave, e alguém morre. O problema? Ele não aceita pedidos e, na maioria das vezes, a vítima é alguém que você ama.
Então por que alguém giraria a chave sabendo disso? Perkins constrói sua narrativa em torno de erros da juventude e arrependimentos que duram a vida inteira. Hal, por exemplo, vive sob uma constante angústia, acreditando que o macaco se foi, mas nunca tendo certeza. Isso o faz se afastar de seu filho Petey (Colin O’Brien, de “Dear Edward”), vendo-o apenas uma vez por ano para evitar que ele herde a maldição familiar. O irônico é que, ao tentar proteger sua família, ele acaba criando ainda mais traumas.
Claro que o macaco volta, causando caos na cidade natal de Hal e obrigando-o a voltar para confrontar o passado, trazendo Petey junto. É uma escolha irresponsável? Com certeza. Mas a vida de Hal é definida por suas péssimas decisões. O que começa como um filme brutal sobre uma infância terrível se transforma em uma comédia de terror maluca, com toda a energia sombria de um episódio clássico de “Contos da Cripta”.
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